Do Pároco

Na cerimónia do acolhimento, o Papa Francisco dirigiu-nos estas palavras: «na Igreja há espaço para todos. Para todos. Na Igreja, ninguém sobra. Nenhum está a mais. Há espaço para todos. Assim como somos. Todos. Jesus di-lo claramente. Quando manda os apóstolos chamar para o banquete daquele senhor que o preparara, diz: “Ide e trazei todos”, jovens e idosos, sãos, doentes, justos e pecadores. Todos, todos, todos! Na Igreja, há lugar para todos.»

Gostaria de oferecer três fundamentos para tomar a sério este convite do Papa. Em primeiro lugar, as próprias palavras de Jesus. S. João Paulo, há já muitos anos tinha feito notar, na encíclica sobre a Missão do Redentor (n.º 23) a dimensão universal do mandato entregue por Jesus antes da sua Ascensão: «As várias formas do “mandato missionário” contêm pontos em comum, mas também acentuações próprias de cada evangelista; (…). Antes de mais, a dimensão universal da tarefa confiada aos Apóstolos: “todas as nações” (Mt 28, 19); “pelo mundo inteiro, a toda a criatura” (Mc 16, 15); “todos os povos” (Lc 24, 47); “até aos confins do mundo” (At 1, 8)». Jesus quer que o Evangelho possa chegar a todos.»

O Concílio Vaticano II recordou o chamamento universal à santidade: o Evangelho, na sua radicalidade, é para todos. Jesus não propõe a ninguém uma meta menor do que a santidade. Cada um terá a sua vocação e o seu ritmo espiritual, mas seria altamente injusto se um de nós, supostamente em nome de Cristo, dissesse a alguém: no teu caso, não tens de te converter. Jesus não fez isso com ninguém.

A Igreja abraça a todos, a todos apresenta Jesus e, no diálogo com Ele, no clima familiar da Igreja, cada um irá vendo o modo de responder melhor ao incondicional amor de Deus, o que necessariamente passa por sucessivas conversões.

Por fim, a Teologia moral sempre explicou que a virtude da Caridade (o Amor) é universal, isto é, não pode excluir ninguém do amor. Há pessoas a quem manifestaremos mais amor do que a outras mas não podemos cancelar conscientemente ninguém do nosso coração. Se o fizermos, já não amamos com a caridade de Cristo.

Em resumo e para podemos levar à prática as palavras do Papa Francisco: não excluamos ninguém do convite para conhecer Jesus; não deixemos de recordar a todos que Deus quer fazer de cada pessoa um santo, alguém que deseja identificar todas as dimensões da sua vida com o coração de Jesus; por fim, comecemos por abrir o nosso coração a todos aqueles a quem, por ressentimento, vingança ou outros motivos, tendemos a excluir do nosso coração.

E rezemos por todos, sem exceção. A oração universal de cada Eucaristia é um bom momento para abrir os horizontes do nosso coração: unamo-nos sinceramente às diferentes petições de cada oração.

Pe. João Paulo Pimentel