“Porque um menino nasceu para nós, um filho nos foi dado. Tem o poder sobre os ombros e será chamado Conselheiro admirável, Deus forte, Pai eterno, Príncipe da paz. O seu poder será engrandecido numa paz sem fim …” (Is 9, 5-6)

As palavras da profecia de Isaías foram sempre, ao longo dos séculos, palavras de esperança, sobretudo quando esse “Menino” passou a ter rosto e nome. Cada Natal trazemos à nossa memória não “apenas” o facto do nascimento de Jesus em Belém, mas também todas as esperanças para a Humanidade que essa vinda traz consigo.

No outro dia, uma criança de 4 anos perguntou-me como era possível celebrar uma e outra vez o Nascimento de Jesus se Ele já nasceu há muito tempo. Uma boa pergunta. Na realidade, nós celebramos o aniversário da sua entrada visível aqui na terra como Homem, mas queremos reviver toda a alegria e esperança que encontramos em Maria, em José, nos pastores e nos Magos em Ana e Simeão, quando O tiveram diante de si. “Ali” estava o nosso Salvador e Redentor.

Nestes momentos de tanta dor e violência que as guerras, em diferentes zonas do planeta, trazem consigo, sentimos a nossa incapacidade para calar as armas. E, com a confiança própria das crianças, que tantas vezes nos parece ingénua, pedimos ao Menino de Belém, o Príncipe da paz, que faça cessar essas guerras. E também aquelas que travamos diariamente nos nossos corações: invejas, discórdias, desejos de vingança, maledicências, incapacidade para perdoar e entender o outro, etc. O germe da guerra está dentro de nós e queremos clamar a Jesus para que elimine com a sua graça esse vírus espiritual que nos prende e aflige.

Com a urgência de querer sentir mais perto de nós o nosso Salvador, viveremos muito melhor esta ansiosa lembrança de Jesus. E evitaremos reduzir o Natal às luzinhas, ao Pai Natal, às prendas, às rabanadas e aos infindáveis jantares comemorativos. Vem ter connosco o Príncipe da Paz, o Deus forte, o Conselheiro admirável… Não um organizador de eventos.

Relembro o que disse o Papa Francisco aos voluntários da JMJ, na tarde do encantador domingo de 6 de agosto: “Renovar dia a dia o encontro pessoal com Jesus é o coração da vida cristã. E deve ser renovado todos os dias para manter vivo o desejo do mesmo não só na cabeça, mas também no coração.” No advento, cultivemos a necessidade que todos temos do Senhor. Seria um advento bem vivido se no dia do Nascimento rezássemos do fundo do coração: continuamos todos a precisar de Ti, Jesus!

Pe. João Paulo Pimentel