Do Pároco

No dia 22 de outubro a Igreja celebra a memória de S. João Paulo II. Este ano, esse dia é domingo e a celebração não será possível. Mas decidi falar dele neste editorial. Relembro o que nos disse o Papa Francisco, quase ao final da JMJ de Lisboa: “E um agradecimento especial a quem velou pela JMJ a partir do Alto, ou seja, aos Santos patronos do evento e a um em particular: João Paulo II, que deu vida às Jornadas Mundiais da Juventude.”

Gostaria de transcrever um breve episódio da sua vida que li há pouco tempo no livro de memórias daquele foi o porta-voz da Santa Sé durante longos anos. No dia 13 de agosto de 1991, S. João Paulo II chegou a Cracóvia para a Jornada Mundial da Juventude. Nesse dia, o Papa dirigiu-se ao cemitério para rezar diante do túmulo de seus pais e do seu irmão. Um dos jornalistas presentes aproximou-se do Papa e perguntou-lhe qual a influência do pai (falecido em 1941) na sua vida. S. João Paulo II respondeu: “Teve uma grande influência… Era um homem profundo, muito religioso, que me ensinou o mistério da infinita majestade de Deus”.

Perante uma nova pergunta do jornalista sobre se guardava alguma lembrança do pai em particular, acrescentou: “em certas ocasiões, durante a noite, quando acordo e demoro mais tempo para adormecer, relembro que por vezes ele se levantava à noite e ficava a rezar”. Por essa viva consciência da infinita majestade de Deus, S. João Paulo II detinha-se com sossego e confiança diante dos Sacrários e não se cansou de anunciar com entusiasmo a Palavra do Senhor.

A consciência da majestade de Deus, conduziu o Papa pelos cinco continentes, contribuiu para derrubar muros que pareciam inexpugnáveis,
fez com que voltassem a florescer na igreja milhares de vocações sacerdotais, colocou na agenda de uma grande parte da opinião pública dos intelectuais temas centrais sobre a grandeza da família cuja repercussão é cada vez maior (foi significativo que durante as Jornadas de Lisboa, as conferências de um dos grandes divulgadores americanos da doutrina da teologia do corpo de S. João Paulo II estivessem sempre a abarrotar, com milhares de participantes), rejuvenesceu a devoção a Nossa Senhora e, claro, criou a Jornada Mundial da Juventude onde se torna mais patente que Deus é o Senhor de toda a terra e oferece o seu amor a todas as pessoas que O queiram receber.

A influência da fé do seu pai (um homem desconhecido para a maioria) em S. João Paulo II beneficiou o mundo inteiro. E oferece-nos uma boa pista para que a nossa oração seja mais fecunda: crescer na consciência de com Quem estamos a falar. Esse é um dos grandes frutos da Missa, da adoração diante do Santíssimo exposto, dos tempos de silêncio junto ao Sacrário. Neste mês, ao rezarmos o terço meditando nos grandes mistérios da nossa salvação, peçamos à Santíssima Virgem que todos redescubramos a infinita majestade de Deus.

Pe. João Paulo Pimentel