Do Pároco

Há tempos, uma pessoa amiga considerava que, aparentemente, a Igreja tinha encontrado mais maneiras de evocar a Paixão e a Morte de Jesus que a sua Ressurreição. Em concreto, a Via-Sacra tem dezenas de textos e representações, dizia. Mas a tentativa de reproduzir o sistema com a Via-Lucis, por contraste, não parece ter tido grande êxito entre o povo fiel, apesar do acerto que é em convidar à meditação sequencial dos episódios com Cristo ressuscitado. O facto – concluía a pessoa – é que a Ressurreição parece que deve ocupar «mais tempo» da vida cristã.

Será assim? Sinceramente, não me parece que isso seja verdade se – o se é importante – os cristãos celebrarem de verdade o domingo como o dia do Senhor.

Convido a reler as palavras da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II e que vai orientando os editoriais do boletim durante este ano (n.º 106):

«Por tradição apostólica, que tem a sua origem no próprio dia da Ressurreição de Cristo, a Igreja celebra o mistério pascal todos os oito dias, no dia que justamente se chama o dia do Senhor ou domingo. Neste dia devem os fiéis reunir-se para que, ouvindo a palavra de Deus e participando na Eucaristia, celebrem a memória da Paixão, Ressurreição e glória do Senhor Jesus e deem graças a Deus que os “fez renascer para uma esperança viva pela Ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos” (1 Ped 1, 3). Por isso, o domingo é o principal dia de festa que se deve propor e inculcar na piedade dos fiéis, de modo que seja também o dia da alegria e do descanso.»

Quando os cristãos assumem o domingo como verdadeiro dia do Senhor, a autêntica alegria da Ressurreição de Jesus é semanalmente renovada nos seus corações. Cristo não é Alguém «do passado», mas caminha connosco, no nosso dia. A centralidade da eucaristia dominical é a «peça» chave para dar á Ressurreição o seu justo lugar.

Vivamos bem o tríduo pascal, em particular a Vigília Pascal à que todos são convidados. E, como fruto dessa celebração bem vivida, peçamos ao Senhor a graça de nos empenharmos muito mais na Evangelização do domingo como o dia do Senhor.

Pe. João Paulo Pimentel