Caríssimos paroquianos:

Muito obrigado pelas orações de todos e também pelas mensagens nestes dias. Graças a Deus, ontem recebi o resultado do teste do Coronavirus e foi negativo. Como não tenho qualquer sintoma, o contacto com a pessoa afetada (que graças a Deus também continua sem qualquer sintoma) não parece ter tido consequências e, assim, na sexta-feira posso sair deste isolamento. Em certo sentido, será como um passo na desejada «ressurreição social».

A expressão pode parecer uma mera piada mas, na verdade, parece-me que é algo mais. O que é que eu e, suponho, todos os que estão em isolamento, desejamos? Sobretudo, voltar a estar com as pessoas.

Na Oitava da Páscoa, em que os Evangelhos das Missas vão recordando as sucessivas aparições de Cristo ressuscitado, ficamos com a certeza de que, de algum modo, Jesus ressuscitado quis voltar a estar com aqueles que O amavam. Teve «pressa» em estar com eles.

Durante 40 dias, Jesus não lhe bastou como que acenar de longe, para que O vissem à distância. Foi ter com eles, deixou que O tocassem, comeu e conversou sossegadamente com eles. Esse tempo foi crucial para que as testemunhas da Ressurreição entendessem em sentido pleno a promessa de Jesus, antes da Ascensão: «Eu estarei convosco todos os dias até ao fim do mundo». É um estar junto de nós, não um ver de longe, mesmo que se pensasse num ver muito atento. A Comunhão eucarística certifica essa vontade de Jesus de modo único.

Todos desejamos, pois, voltar quanto antes à situação normal: a que se descreve na 1ª leitura dos Atos, na Missa do próximo domingo: «Perseveravam na doutrina dos Apóstolos, na união fraterna, na fração do pão e nas orações. (…) Todos os dias frequentavam em perfeita harmonia o templo…».

Precisamos de estar uns com os outros. Vale a pena cultivar em nós este bom desejo natural que também nos oferece uma pequena luz adicional para entender um pouco melhor as aparições de Cristo ressuscitado e o gosto de Jesus em estar com os seus.

Antes de terminar, aproveito para referir que, como sabem, a Irmandade tem organizado o terço diariamente através do zoom e também a Via Sacra na Sexta-feira Santa. Além disso, temos tido reuniões com os grupos de jovens (por zoom) e com grupos de casais, bem como as sessões de preparação de Crisma para adultos e até um encontro com o coro. Espero que esta semana os catequistas se consigam organizar para estar com os seus alunos.

Graças à generosidade de vários paroquianos mantivemos praticamente sem lacunas a entrega dos cabazes às famílias. E mantivemos a igreja aberta durante várias horas cada dia para permitir que todos possam vir rezar em sossego e, quando necessário, confessar-se, sempre com as devidas precauções higiénicas. Se Deus quiser, vamos retomar a tradução da Eucaristia em língua gestual, mesmo que, para já, o façamos via «zoom».

Não deixem de dar sugestões para que a paróquia possa ser um apoio para todos nestes meses que se anunciam com novas dificuldades e queiramos todos «estar» com Jesus e uns com os outros.

Pe. João Paulo Pimentel