Do Pároco

«Mas há uma terceira verdade, que é inseparável da anterior: Ele vive! É preciso recordá-lo com frequência, porque corremos o risco de tomar Jesus Cristo apenas como um bom exemplo do passado, como uma recordação, como Alguém que nos salvou há dois mil anos. De nada nos aproveitaria isto: deixava-nos como antes, não nos libertaria» (exortação apostólica Cristo vive, n.º 124).

Na sequência das reflexões anteriores sobre este documento papal, gostaria que, neste tempo em que nos preparamos para a celebração do Nascimento de Jesus, meditássemos devagar nos números 124 a 129. Pensemos por uns momentos no seguinte: há uma grande diferença no modo de recordar o nascimento de alguém que já faleceu ou de quem se encontra vivo. No primeiro caso, os familiares ou amigos podem dizer: «hoje, fulano faria 87 anos se fosse vivo; era uma grande pessoa». Fim da celebração. Pelo contrário, se a pessoa está viva, dir-se-á: «hoje o avô faz 87 anos. Vamos organizarmos para lhe darmos uma surpresa, estar mais tempo com ele, levar-lhe umas lembranças…»
Com toda a sinceridade: como tencionamos festejar o Natal do Senhor? Como uma lembrança fugaz de um Personagem longínquo no tempo que passou pela História, ou com o compromisso de nos aproximarmos mais de Alguém que vive entre nós, que vive para nós e que merece a nossa máxima disponibilidade?

Talvez possamos acrescentar que os modos pagãos ou quase pagãos de festejar o Natal obedecem a um esquecimento de que Cristo está vivo. Se esta verdade estivesse bem presente duvido que alguém de bom coração condicionasse, por exemplo, a participação na Missa desse dia às circunstâncias familiares, às refeições, às viagens ou ao que seja. Em primeiro lugar, queremos estar com o Homenageado.

O Natal é uma ocasião privilegiada para voltarmos a considerar o grande consolo de saber que Jesus, que há mais de 2000 anos nasceu em Belém, está vivo. Dessa meditação brotam inumeráveis consequências. Com os sugestivos «ses» do Papa Francisco no texto que segue, somos convidados a querer viver olhar para Cristo «de outro modo»: «Se conseguires apreciar com o coração a beleza deste anúncio e te deixares encontrar pelo Senhor; se te deixares amar e salvar por Ele; se entrares na sua intimidade e começares a conversar com Cristo vivo sobre as coisas concretas da tua vida, esta será a grande experiência, será a experiência fundamental que sustentará a tua vida cristã» (ibid., n.º 129). Trata-se de um convite mais premente para este tempo em que nos preparamos para o Nascimento de Alguém que está entre nós, que é «Deus connosco».

Pe. João Paulo Pimentel