Do Pároco

Sejamos sinceros. Se no auge de uma grande afluência de pessoas, já com a casa semicheia, aparecesse à nossa porta um casal com uma mulher prestes a dar à luz e à procura de um local adequado, que faríamos? Provavelmente, o mesmo que outros muitos fizeram há séculos: explicar-lhes que a casa já estava cheia, que com certeza haveria outras casas mais aptas para uma mulher nessas condições, ou talvez na hospedaria encontrassem um lugar apropriado. Não encontraram. E assim, José e Maria só encontraram um estábulo para as horas decisivas do Nascimento. Foi pena. Se alguém os tivesse recebido, teria tido a alegria de ter Deus na sua casa e também um papel mais relevante na História da Redenção.

Já sei que a situação não é de todo a mesma. Mas aceitar que alguém viva na nossa casa, ainda que seja por poucos dias, dá sempre trabalho e gera alguma leve insegurança ou apreensão. No entanto, aqueles que tiverem disponibilidade e força para isso, podem contribuir para que os jovens peregrinos, oriundos de tantas partes do mundo, vivam os dias da Jornada Mundial de Juventude abrigados num clima de família. Descansarão bem, experimentarão no concreto o nosso proverbial modo de receber, trocarão experiências que enriquecerão todos, talvez descubram nessa casa a luz da fé. Recordemos o que nos diz a Carta aos Hebreus (13, 2): “Não vos esqueçais da hospitalidade, porque graças a ela alguns, sem o saberem, hospedaram Anjos.” Quem sabe? Talvez algum dos jovens peregrinos que uma família acolha se venha a tornar num grande santo…

Caríssimas famílias: não deixem de se inscrever como família de acolhimento. A decisão, tomada agora, de receber dois ou três jovens em casa no início do mês de agosto pode ser uma manifestação prática da nossa vontade de abrir o coração às surpresas de Deus. Desse modo, talvez vivamos melhor a preparação para o Natal pois, de facto, do que se trata é de aprender a receber melhor Deus na nossa vida. Dar-Lhe mais espaço. Prestar-Lhe mais atenção. Adaptar a nossa rotina à Sua amável presença.

Pe. João Paulo Pimentel