Do Pároco

Este ano, a semana da vida terá lugar entre os dias 12 a 19 de maio. Sejamos sinceros: habitualmente, esta semana tem um relevo bastante modesto na nossa vida. Não deveria ser assim.

Na nossa querida Europa, e para nos limitarmos a eventos de 2024, soaram dois sinais de alarme: no mês de março, em França, o parlamento daquele país consagrou o “direito constitucional ao aborto” em determinadas condições. Em abril, o Parlamento Europeu aprovou uma resolução que pede que o direito ao aborto seja consagrado na Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia. Não é algo vinculativo mas mostra as águas em que navega a Europa nestes tempos.

Tudo isto acontece num país considerado “cristão” e numa civilização de matriz cristã. Era sobre este ponto que gostaria de tecer duas considerações.

A primeira é esta: o silêncio em propor um elemento essencial do ensinamento cristão é sempre prejudicial. Às vezes, podemos criar a ilusão de que o silêncio em torno deste e outros assuntos “difíceis” acalmará as tempestades e tudo “se arranjará” por si próprio. Não é verdade. Quando não se testemunha e não se concretiza o amor à vida o resultado é cada vez pior.

Em segundo lugar, e para me limitar a um aspeto da questão, é imperioso recordar que a defesa da vida humana é parte intrínseca da mensagem de Cristo. Renunciar a ela seria mutilar uma dimensão essencial do Evangelho: a de amar o próximo (um próximo muito concreto) como a si mesmo.

Sobre a transmissão dessa mensagem da defesa da vida humana urge cuidar de dois aspetos. Na Exortação apostólica, A Alegria do Evangelho, o Papa Francisco recorda que os ensinamentos morais da Igreja devem estar enquadrados na plenitude da mensagem de Jesus: “Cada verdade entende-se melhor e a colocarmos em relação com a totalidade harmoniosa da mensagem cristã: e, neste
contexto, todas as verdades têm a sua própria importância e iluminam-se reciprocamente” (n. 39).

No mesmo documento, o Papa pontualiza que a defesa da criança concebida não é um valor negociável: “Por si só a razão é suficiente para se reconhecer o valor inviolável de qualquer vida humana, mas, se a olhamos também a partir da fé, “toda a violação da dignidade pessoal do ser humano clama por vingança junto de Deus e torna-se ofensa ao Criador do homem”. E precisamente porque é uma questão que mexe com a coerência interna da nossa mensagem sobre o valor da pessoa humana, não se deve esperar que a Igreja altere a sua posição sobre esta questão” (nn. 213-214).

As semanas da vida sensibilizam para esta realidade.

Ofereço três sugestões para essa semana: procurem estar presentes na festa da família, no sábado 18 de maio; rezem o terço em família para pedir a Nossa Senhora que aumente em todos nós a consciência da sacralidade de cada vida humana; leiam a declaração Dignidade Infinita, recentemente publicada.

Pe. João Paulo Pimentel