DO PÁROCO

Com o seu rigor habitual, Bento XVI, no volume dedicado à Infância de Jesus, faz notar, a propósito do Nacimento do Senhor, que o texto evangélico não afirma que a voz dos Anjos escutada pelos pastores fosse um cântico.

O Evangelista limita-se a referir que o exército dos Anjos louvam a Deus, «dizendo». No entanto – prossegue Bento XVI – «desde o início, para os cristãos era claro que este falar dos Anjos é um cântico, no qual todo o esplendor da grande alegria por eles anunciada se torna sensivelmente presente. E assim, a partir daquele momento, nunca mais cessou o cântico de louvor dos Anjos; continua, através dos séculos, sob formas sempre novas e, na celebração do Natal de Jesus, ressoa sempre de novo.»

Realmente, nem nos passa pela cabeça que as palavras angélicas naquela noite não soassem como uma melodia serena e triunfal.

A Instrução Geral do Missal Romano, texto fundamental para compreender a Missa, afirma no n.º 39:

O Apóstolo exorta os fiéis, que se reúnem à espera da vinda do Senhor, a que unam as suas vozes para cantar salmos, hinos e cânticos espirituais. O canto é sinal de alegria do coração. Bem dizia Santo Agostinho: “cantar é próprio de quem ama”.

E não apena o canto. A resposta em voz alta da Assembleia e em uníssono, como por exemplo, no salmo responsorial, «favorece a meditação da palavra de Deus» (n.º 61).

Neste ano pastoral, em que se procura reforçar a liturgia como lugar de encontro com Deus e com os irmãos, tanto o tempo do Advento como o tempo de Natal podem ser uma boa ocasião para reforçarmos o desejo de reaprender a rezar com os salmos e, para os que tenham essa faculdade, com os cânticos.

Sempre que nos for possível, não deixemos de nos unir ao coro durante as celebrações para rezar cantando, como é próprio de quem ama. Sobretudo na Missa do Galo ou na do dia 25, esmeremo-nos neste aspeto, dando muita importância ao canto do Glória na Missa. É como revisitar a noite de Natal com todo o nosso ser.

Aproveito para agradecer aos coros da nossa paróquia por nos facilitarem este modo de rezar e apelo uma vez mais a todos os que tenham dotes musicais para integrarem, na medida das possibilidades de cada um, os coros. Não se esqueçam que assim todos podemos unir-nos mais facilmente ao canto dos Anjos da noite natalícia.

Pe. João Paulo Pimentel