Do Pároco

Voltamos a encontrar-nos numa situação difícil rodeados pelo perigo de uma doença que teima em não desaparecer. Muitas famílias experimentaram do modo mais doloroso possível as suas consequências, com o falecimento de familiares queridos ou situações de grave risco de vida.

Neste contexto, o dia Mundial do doente, celebrado a 11 de fevereiro, dia de Nossa Senhora de Lurdes, ganha uma nova luz. Somos convidados a elevar o nosso olhar a Deus. É um facto que nem todos os doentes são curados, mas o Senhor sempre manifestou que quer estar perto de quem sofre. Até nos deixou o Sacramento da Unção para ajudar de forma particular os doentes e faz experimentar a proximidade do Médico Divino. Em Lurdes, Nossa Senhora quis sublinhar maternalmente que o sofrimento humano não é de todo indiferente a Deus.

Esta certeza convida-nos a não deixar de recorrer ao Senhor, rezando com confiança pelos doentes e seus familiares. Ao mesmo tempo, convida-nos a querer perscrutar um pouco mais o significado da nossa vida e convida-nos a que nos questionemos sobre como crescer pessoalmente neste contexto.

Na mensagem para o dia Mundial do doente deste ano, o Papa Francisco escreve: «A experiência da doença faz-nos sentir a nossa vulnerabilidade e, ao mesmo tempo, a necessidade natural do outro. Torna ainda mais nítida a nossa condição de criaturas, experimentando de maneira evidente a nossa dependência de Deus. De facto, quando estamos doentes, a incerteza, o temor e, por vezes, o pavor impregnam a mente e o coração; encontramo-nos numa situação de impotência, porque a saúde não depende das nossas capacidades nem do nosso afã (cf. Mt 6, 27). A doença obriga a questionar-se sobre o sentido da vida; uma pergunta que, na fé, se dirige a Deus.»

Não nos limitemos, pois, a gerir as dificuldades e os obstáculos destes dias por muitas que sejam. Aproveitemos para repensar alguns aspetos essenciais da nossa vida: não a controlamos totalmente! Elevemos o nosso coração ao Senhor com mais confiança.

Além disso, a situação convida-nos a ocupar-nos mais do outro na medida das nossas possibilidades. Penso que podemos classificar de exemplar a resposta de muitos lisboetas, quando em janeiro se apelou à necessidade de doação de sangue.

Acrescenta ainda o Papa: «Uma sociedade é tanto mais humana quanto melhor souber cuidar dos seus membros frágeis e atribulados e o fizer com uma eficiência animada por amor fraterno. Tendamos para esta meta, procurando que ninguém fique sozinho, nem se sinta excluído e abandonado.»
Rezemos mais. Ajudemos mais.

Pe. João Paulo Pimentel