Mansidão

Logo no início da sua terceira exortação apostólica (Alegrai-vos e exultai), o Papa Francisco convida-nos a redescobrir que Deus «quer-nos santos e espera que não nos resignemos com uma vida medíocre, superficial e indecisa» (n.º1).

Este chamamento é dirigido a todos e em todas as circunstâncias:

«Todos somos chamados a ser santos, vivendo com amor e oferecendo o próprio testemunho nas ocupações de cada dia, onde cada um se encontra» (n.º14).

Uma das ocupações da nossa paróquia é, nestes dias, encontrar uma solução para a desejada construção do centro paroquial e da nova igreja.

É quase impossível, seja qual for a decisão, que ela agrade a todos. No entanto, da nossa parte, é essencial que atuemos sempre de acordo com a nossa identidade cristã. Isso é muito mais essencial para o futuro da paróquia que os edifícios, por muito importantes que possam ser.

Nesta linha, convido a ler com atenção umas palavras do terceiro capítulo da exortação, dedicado às Bem-aventuranças, que são como que «o bilhete de identidade do cristão» (n.º 63).

A propósito da segunda Bem-aventurança, –felizes os mansos, porque possuirão a terra–, escreve o Papa:
«Mesmo quando alguém defende a sua fé e as suas convicções, deve fazê-lo com mansidão, e os próprios adversários devem ser tratados com mansidão. Na Igreja, erramos muitas vezes por não ter acolhido este apelo da Palavra divina. A mansidão é outra expressão da pobreza interior, de quem deposita a sua confiança apenas em Deus. (…) Alguém poderia objetar: “Mas, se eu for assim manso, pensarão que sou insensato, estúpido ou frágil”. Talvez seja assim, mas deixemos que os outros pensem isso. É melhor sermos sempre mansos, porque assim se realizarão as nossas maiores aspirações: os mansos «possuirão a terra», isto é, verão as promessas de Deus cumpridas na sua vida.»

Na reunião de quase duas horas que tivemos na nossa igreja no passado dia 11 de abril, houve mais de 20 intervenções, muitas delas assertivas, claras, decididas. Todo o assunto diz-nos muito, sobretudo pelo bem que queremos fazer às pessoas. Ao rememorar aquelas horas, agradeço a Deus que todos se tenham esforçado por viver a linha programática traçada no início da reunião: não falar mal de ninguém. E assim foi.

Procuremos manter-nos nesta atitude, mais dispostos a abrir portas do que a fechá-las pela falta de mansidão.

Pe. João Paulo Pimentel