Do Pároco

Entre os muitos documentos redigidos por S. João Paulo II há uma Carta pouco conhecida: Orientale Lumen, A luz do Oriente. Nela encontramos um belo texto que nos ajuda a tomar consciência da grandeza da Liturgia. Diz assim:

«O Cristianismo não rejeita a matéria; pelo contrário, a corporeidade é valorizada plenamente no ato litúrgico, onde o corpo humano mostra a sua íntima natureza de templo do Espírito Santo e chega a unir-se ao Senhor Jesus, feito também Ele corpo para a salvação do mundo» (n.º 11).

Nas ações litúrgicas, rezamos com todo o nosso ser. É verdade que o mais importante da oração é sempre o nosso interior: adorar a Deus «em espírito e verdade». Como, porém, não somos apenas espírito mas também corpo, – e o corpo é expressão da pessoa –, seria pouco coerente que não nos dirigíssemos a Deus com todo o nosso ser. E assim, nas ações litúrgicas, levantamo-nos, sentamo-nos, ajoelhamo-nos, falamos, escutamos, cantamos, mantemos silêncio… Desse modo podemos rezar a Deus também com os outros. Além disso, na liturgia usamos a matéria inerte: o pão, o vinho, a água, o óleo, o altar, as toalhas… Toda a Criação «é convidada» a estar presente num hino de louvor ao seu Criador.

A Liturgia é, em certo sentido, uma linguagem. Tudo tem um significado. Como em qualquer linguagem é necessária uma aprendizagem para que, como diz o Concílio Vaticano II, «os fiéis nela [na Liturgia] participem consciente, ativa e frutuosamente». Por esse motivo, são muito bem-vindas as sessões de formação litúrgica que o Patriarcado organizou este ano para todos os fiéis. Vale a pena nelas participar para melhorar o «domínio» dessa linguagem e assim, cada vez mais, cada um de nós possa reconhecer que nas ações litúrgicas há um verdadeiro encontro com Deus e com os outros. Quanto mais conscientes do sentido das palavras e dos gestos, mais fácil será rezar verdadeiramente com todo o nosso ser.

Pe. João Paulo Pimentel